terça-feira, 28 de junho de 2011

Linhas-de-passe e suas transposições.

Como ficar o maior tempo possível com a posse-de-bola? Seria correto aumentar as dimensões da quadra ou 40x20 é o suficiente? Entre muitas outras abordagens...há quem diga que é covardia marcar em linhas 3 e 4, há quem considere incapaz e incompetente o técnico que propõe marcações por zona nas categorias de base. Pode acreditar! Até acho que isso abre espaço para algumas discussões, mas vamos com calma! No estilo de jogo atual e em suas mais variadas situações, a agressividade da qual considero ideal e abordei na última postagem está sempre presente, isso é inegável. Talvez por ser treinada, talvez por estar presente no jogador, ou talvez pelo simples calor ou necessidade da partida, do sub9 ao adulto, guardadas as devidas proporções. O que dificulta muito a transposição de linhas-de-marcação e nos remete a quebrar a cabeça na busca por criação de linhas-de-passe. Na busca pelo perfeito encaixe padronizado de troca-de-passes, pela perfeita organização ofensiva, ou procurando transpor linhas-de-marcação, convivemos e vivenciamos alguns dilemas no jogo de Futsal moderno. O material humano (qualidade e quantidade) que foi dado para você trabalhar, basicamente vai ditar o ritmo, a intensidade, e pra onde vai pender o seu trabalho. Em sua periodização você vai priorizar ataque, ou defesa? Mas mesmo assim, as vezes mais ou as vezes menos, você há de qualificar a posse-de-bola da sua equipe de alguma maneira para não viver na eterna esperança de um contra-ataque milagroso. Padrões, trabalhos de manutenção de posse-de-bola e etc. Não é mais certo nem mais errado vencer um jogo de maneira defensiva constante, e muito menos covarde, mas não vamos nos enganar, um gol bem trabalhado em padrões que transponham zonas-de-marcação, é muito mais bonito!!
Tomemos como exemplo o jogo de sábado passado (25/06) entre Santos/Cortiana x Corinthians/São Caetano. 4 a 1 para o Corinthians foi o resultado final. Costumo brincar que quando somamos Ferretti + Falcão + Gol-linha = no mínimo 1 ou 2 gols. Coisas do acaso, não me recordo de um momento sequer de bom aproveitamento na troca de passes e quebra de linhas-de-marcação, e aquele que considero o maior estrategista do futsal mundial, PC de Oliveira, venceu a partida. Isso que estou citando situação de superioridade numérica, não teve jeito. Nesse caso, a dura, agressiva e concreta marcação e o trancamento de linhas-de-passe venceram a enorme qualidade técnica e tática (claro que o goleiro também participou dessa brincadeira, muito apesar de eu não o achar ´´nada demais´´). Certa vez ouvi o Ferretti dizer que o passe não se caracteriza somente pelo seu gesto motor, e que para a perfeita execução do mesmo, seja ele simples ou complexo, curto ou longo, precisamos de muita concentração de quem está com a bola e abertura de linha-de-passe, ou seja, criação dessa linha. Basicamente ele quis dizer que quem efetua o passe não é só quem mexe o seu pézinho. No Brasil, onde temos fundamentos bem trabalhados, nossa maior dificuldade nessa valência é posicionar corretamente quem vai receber o passe. Inteligência não é criada no atleta, mas aperfeiçoada, talvez.
Seguimos estudando formas de quebrar linhas gerais da quadra...um grande abraço!!!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

E a tal da agressividade?

Primeiramente gostaria de agradecer antecipadamente à todos os amantes de futsal, atletas, amigos e familiares que me apoiam nessa dura jornada diária na busca pelo crescimento profissional em seus mais variados contextos, dentro e fora da quadra. Espero que com essa ferramenta eu consiga divulgar um pouco do que penso e faço.
Vamos ao que interessa...nessa primeira postagem, gostaria de fazer algumas abordagens referentes à palavra ´´agressividade´´ no treinamento desportivo de base. Por vezes bem ou mal interpretada, no Futsal de alto rendimento, e principalmente nas categorias de base mais próximas da maioridade, entendo que a agressividade deve ser aplicada nos trabalhos diários em seus trabalhos mais breves, ou mais dinâmicos. Entretanto, encontro diversas dificuldades em meu trabalho (sub17 e sub20) para o encaixe dessa valência que considero básica para um jogador profissional de futsal. Nessa semana estou podendo acompanhar um pouco do trabalho das seleções brasileira masculina e feminina de Handebol, que treinam no Ginásio Falcão, na Praia Grande, ginásio onde aplico meus treinamentos. E por residir em Santos, posso acompanhar brevemente um pouco do desenvolvimento do trabalho do Santos FC/Cortiana. Fazendo uma razoável associação entre essas equipes, é de ´´brilhar os olhos´´ de qualquer treinador, a diferenciação que os atletas fazem ao ´´tomar uma pancada´´ e ´´sofrer agressão´´.
Estamos no Brasil, país da Pseudo-Boleiragem, país do ´´dribla todo mundo e faz o gol´´, país onde o torcedor, o atleta, a comissão técnica (passando por cozinheiro, roupeiro, até chegar no treinador) e qualquer indivíduo diz ter uma passagem no mundo da bola. Tal ignorância nos remete ao levantamento de diversas questões abordadas em cursos, palestras, estudos teóricos e práticos de não só o Futsal, mas também todos os outros os esportes considerados ´´derivados´´ do Futebol (Futebol Society ou de 7, Beach Soccer, Futevôlei e por aí vai). Questões como o improviso, a imprevisibilidade, serão inevitavelmente sempre levantadas. Cito a agressividade pois vivo no meio desse contraste entre categoria de base e categoria maior, e entendo que esse fundamento deve ser aplicado em 90% dos tipos de treinamentos. Como pode o treino de Handebol ser tão agressivo, o atleta tomar socos, chutes, ponta-pés, e render tão bem, enquanto em seu treinamento, determinado jogador reclama no primeiro ´´encontrão´´, as vezes chegando as vias de fato. Acho que não somente isso, mas percebo que nossa cultura interfere muito no discernimento entre o ser agressivo e o ser maldoso. Tive muita evolução nesse processo, meus atletas num geral entendem expressões e abordagens gerais da quadra, e já mantém padronizado que atividades mais intensas e que otimizam ocupação e briga por um espaço da quadra, exigem o máximo de agressividade possível, chegando quase sempre e sem exagero ao limite entre agredir e ser maldoso. É correto incentivar a intensidade desse fundamento? Qual o limite certo? O que mais pode atrapalhar no desenvolvimento dessa valência? O quanto nosso cultura interfere no desenvolvimento dos nossos atletas? O que você pensa?

Um grande abraço, e até mais!!